sábado, 9 de agosto de 2014

"O fundo do coração", por Alex de Freitas Lira



A história é centrada em um casal, Hank, que trabalha em um ferro­ velho nos arredores de Las Vegas e Frannie ,uma vitrinista de uma agência de turismo. Frannie, é uma sonhadora e ávida por aventuras, enquanto Hank é mais discreto, preocupado em garantir estabilidade ao casal. Após uma discussão no feriado de 4 de julho, após completarem 5 anos desde de que se conheceram, acabam por terminarem a relação e saem ao encontro de novos parceiros pela cidade. Frannie acaba se relacionando com Ray que se dizia pianista e cantor, mas era apenas  um garçom, ao passo que Hank é seduzido por Leila, uma artista de circo, porém ao fim, ambos percebem que tais relacionamentos eram puramente ilusórios e acabam reatando o relacionamento dois dias após o 4 de julho.

Poderíamos dizer que este filme foi uma grande aposta de Coppola, pois filmar um filme inteiramente em estúdio já não era nem um pouco comum no cenário hollywoodiano. O já consagrado diretor foi audacioso, pois somou-se o fato de fazer um filme demasiado simbólico e metafórico, o que não foi de grande sucesso tanto para o público em geral quanto para a  crítica, gerando uma crise ao estúdio levando­ o à falência.

O filme passa longe de ser realista ou naturalista, os cenários são propositalmente artificiais, dando um ar teatral, e a iluminação é surreal, especialmente o vermelho, presente em cenas nas quais as emoções dos personagens estão a flor da pele, as luzes, os neons das ruas, deixam explícita a essência da cidade de Las Vegas, tudo para evidenciar o caráter fantasioso dos romances de Hank e Frannie com seus respectivos amantes, que no fundo nada mais são que projeções do que seria um par ideal para os protagonistas, soma­se a tudo isso, as cenas no estilo musical e a trilha sonora do filme, ao som do jazz de Tom Waits dando um tempero no estilo Broadway ao filme.

 A narrativa do filme tem como finalidade clara apresentar os romances vividos pelos protagonistas com seus amantes como relações puramente fantasiosas, surreais, gerando uma certa confusão ao nos fazer nos perguntarmos se determinadas cenas são de fato reais (dentro da narrativa do filme), como espetáculos ou
sonhos, um simbolismo do escapismo comum na sociedade como um todo.

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