sábado, 3 de julho de 2010

"Minha Adorável Lavanderia", por Ruana Pedrosa


Ano passado tive o privilégio de conhecer O Medo Devora a Alma do diretor alemão Fassbinder. Um filme que descreve preconceitos enfrentados por um imigrante na Europa e com seu relacionamento com uma mulher mais velha. Lembrei desse filme quando parei para assistir Minha Adorável Lavanderia de Stephen Frears.

O título parece ridículo, o barulho de bolha de sabão estourando, no início e fim da película é cômico, mas o resultado é muito bom.

Omar (Gordon Warnecke), rapaz de origem paquistanesa, convive com o preconceito dos dois lados da sociedade. Os ingleses não o respeitam por ele ser imigrante, e sua família por ele ser “quase” inglês. O ambicioso rapaz encontra na lavanderia falida do tio a chance de crescer financeiramente no mundo britânico. Nela também seu amigo de infância Johnny (Daniel Day- Lewis) busca mudar a vida. O inglês é um ex punk fascista, que começa a sofrer preconceitos por parte dos seus antigos amigos que não aceitam sua amizade com Omar. E para complicar ainda mais as relações em sociedade, os rapazes se envolvem amorosamente.

Porém este não é o ponto chave do filme, pois em nenhum momento os outros personagens descobrem a paixão dos protagonistas. É realmente a ambição de Omar e a xenofobia dos dois povos que chama atenção.

Como roteiro inteligente, que chegou a ser indicado ao Oscar no ano de 1986, de Hanif Kureishi, expõe o determinismo em todos os grupos do filme. Em certa cena, por exemplo, um punk fala que os imigrantes vieram para trabalhar para os ingleses e que não poderiam fugir desta realidade.

O filme que vive os anos 80 de maneira completa. Na forma como é filmado, nos figurinos, na trilha musical, nos penteados e no modo de viver, sendo outra obra que relata o problema de minorias.

Destacando a interpretação do casal protagonista. Johnny é o típico marginal apaixonante, chegando a roubar a atenção de Tânia (Rita Wolf), prima de Omar.

Minha Adorável Lavanderia é a maior prova contra o próprio determinismo imposto no início do filme. Omar, bom moço, torna-se ganancioso, não se importando com a as pessoas ao seu redor. Johnny, bagunceiro, com um passado negro, chega a extremos para defender e viver seu amor. Assim a película consolida que não existem pessoas boas ou más, existem pessoas.

2 comentários:

  1. Pelas barbas do profeta procuro esse filme à 550 anos e não encontro

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  2. Pelas barbas do profeta procuro esse filme à 550 anos e não encontro

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