sábado, 15 de novembro de 2014

"Zorba, o Grego", por Nuno Aymar










Zorba, o Grego, a  obra prima do diretor Michael Cacoyannis, muito provavelmente se enquadra na história do cinema como uma das mais singulares e tocantes histórias já traduzidas para a tela. Um filme que soube transmitir muito além do que umas simples realidade de um determinado local da Grécia, mas que coloca o seu espectador diante de uma emocionante visão sobre a vida. Não se reduzindo a aleatórias temáticas, o filme trabalha a própria relação do ser humano com seus (certos ou incertos) rumos.
            Contudo, o mérito do filme não está somente em sua forte história, mas por trazer também um dos mais memoráveis personagens do cinema, imortalizado pela fantástica atuação de Anthony Quinn, Alexei Zorba, ou simplesmente Zorba; Esse personagem central do filme que muito carrega de uma profunda visão e maneira de se viver. Zorba conduzirá o outro protagonista a desbravar os incertos caminhos de uma nova vida.
            A história do filme começa a partir do encontro entre Basil e Zorba. Basil é um escritor de origem britânica que por dificuldades com a sua criatividade, decide viajar para a Ilha de Creta com o objetivo de recuperar a antiga mina de seu pai. O encontro ocorre justamente antes da viagem, quando os dois personagens estão esperando o navio. Zorba convence o jovem escritor que pode ajuda-lo com a mineração por causa de sua experiência e a partir dai o que seria somente uma relação profissional, irá marcar profundamente a vida dos dois.
            A chegada em Creta é marcada por bonitos detalhes na fotografia e por uma forte densidade já nas questões culturais da população da própria ilha. A paisagem em conjunto a cultura local representam um valor estético moral muito forte no desenvolvimento do filme (o desenvolvimento da trama atravessará também as problemáticas da própria cultura local).
O desenvolvimento do filme vem a partir da convivência entre Zorba e Basil à medida que vão buscando reconstruir a antiga mina da ilha. A relação entre os dois é fortemente marcada a partir das próprias experiências deles na ilha um com o outro e com os outros personagens.
A aventura do filme é a aventura do ser humano. Zorba ensina Basil sua própria ótica sobre a vida. A pessoa de Zorba se revela fortemente como uma personificação do Carpem Diem, se trata da vida como ela é, em seus pontos bons e ruins, mas acima de tudo deve-se aprecia-la. Zorba ri, dança, trabalha, faz tudo com o verdadeiro gosto necessário à vida. Todavia, haverá determinados balanços com certos aspectos tristes e até trágicos, que não só se manifestarão nos personagens principais, como também nos secundários. Entretanto tudo circula a partir da mesma ideia de um olhar capaz de atravessar as questões existenciais que importam ao ser humano.

O desfecho do filme se apresenta a partir do momento em que a reconstrução da mina não dá certo, porém é neste ponto que se revela que por traz de tudo aquilo, se construiu na verdade uma grande amizade, uma amizade que marcaria eternamente a vida dos protagonistas. Mesmo com tudo aparentemente perdido, o que sobra fazer? Dançar! Essa é a resposta do Zorba aos problemas que tanto pairam sobre a existência humana. O encerramento se dá com a dança de Zorba e Basil, ao ritmo do muito importantíssimo tema musical do filme (outra grande marca do filme para o cinema). 

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