terça-feira, 3 de abril de 2012

A garotinha de Paris, por Barbara Carvalho Rodrigues


Na cidade do amor, uma garotinha não entende porque os casais apaixonados desperdiçam suas vidas com o romance, enquanto um jovem rico acha a vida tediosa, e o tio dele agradece, por não ser mais jovem e ter uma vida menos complicada.

Situado na Paris da virada do século 20, o filme Gigi conquistou vários prêmios, como 9 oscars, incluindo melhor filme, roteiro adaptado e direção. Porém, o que se destaca no filme é a direção de arte e, principalmente, o figurino. Minelli contou com Cecil Beaton para que a florida cidade, com a torre Eiffel e outros marcos parisienses, não sobressaísse o figurino, composto por vestidos esvoaçantes e com muitos detalhes, cartolas e trajes formais, mesmo que este fosse predominantemente em tons claros. Os números musicais são supreendentemente simples, geralmente o personagem canta para ele mesmo ou uma conversa ganha musicalidade, e essa simplicidade foi o que me encantou e deu o ar diferente.

Gigi, como sua tia-avó diz, é menina boba, diferente de outras do cinema, como Lolita, ela não faz joguinho, não deixa meia frase no ar. Não entende o amor, e tão pouco se importa. E mesmo com uma atriz de 27 anos interpretando o papel, a inocência e delicadeza da personagem de 15, não são perdidas. Já Gaston, é um milionário mimado, tem tudo o que deseja, logo, não se alegra por nada. A sociedade em geral, é retratada como superficial e vazia, as personagens secundarias são unilaterais. Como o caso da avó da protagonista, que aparenta ser uma senhora amargurada e desesperada para agradar Gaston, sua irmã, que é apenas uma mulher que teve uma vida com aventuras e vive a lembrar do passado, e o tio de Gaston, simplesmente um senhor com dinheiro aproveitando seus últimos anos. Não existe crime, pobreza ou grande problema no gênero Musical, mas em Gigi, nem um pequeno conflito existe. Excluindo, claro, o caso do casal principal, que simplesmente não pode aceitar que a vida e o amor são coisas boas, e das reputações, que são o foco de maior preocupação entre a avó e a tia da personagem principal. O romance parece nascer rapidamente, mais rapidamente que o considerado normal nos filmes, uma hora Gaston olha para Gigi como irmãzinha, depois de cantar uma música, ele já tem certeza que a ama.

Mesmo com o final feliz, típico dos musicais, Gigi é para quem ainda não se apaixonou: o tio acha que casamentos são o fim, e a personagem principal diz que o amor tira a visão das pessoas sobre a realidade. E no final, ainda existe um gostinho de que o casal ainda tem muito o que aprender, para que o felizes para sempre realmente exista. E ainda que a garotinha, tenha se tornado a mulher de Gaston, eles não parecem ter aceitado que o amor é a coisa mais importante de suas vidas.

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