terça-feira, 3 de abril de 2012

"Na captura dos Friedman", por Júlia Suassuna de Albuquerque Wanderley


Andrew Jarecki é um americano cineasta, músico, graduado da Universidade de Princeton, onde era um diretor teatral. Sua obra mais conhecida é “Na captura dos Friedmans”, o seu primeiro longa-metragem, que ganhou dezoito prêmios internacionais. Além desse filme ele fez vários curtas-metragens e foi co-fundador da Moviefone. Hoje está em Nova York e está desenvolvendo dois filmes narrativos.

A intenção de Andrew Jarecki era, inicialmente, fazer um documentário sobre o palhaço David Friedman, famoso no circuito de festas infantis em Nova York. No entanto, ao descobrir uma história muito mais complexa e perturbadora que estava por trás desse palhaço, o diretor mudou completamente a temática do filme. Então, foi daí que surgiu a ideia de fazer o documentário intitulado “Na captura dos Friedmans”, que não mais se referia a uma única pessoa e sim a toda uma família e a todos que de algum modo foram atingidos pelo escândalo.

Esse documentário retrata a vida da família Friedman, que foi desestruturada quando Arnold, um estimado professor, e seu filho mais novo Jesse, de 18 anos, foram acusados de abusar sexualmente de menores em Long Sland, NY. Arnold as ensinava informática e piano, enquanto seu filho era seu assistente.


Arnold foi flagrado pela polícia através de revistas pornográficas que recebia da Holanda com um grande apelo sexual à imagem de menores. Essas revistas provocaram toda uma investigação a cerca do caso, que estava apenas começando. Depois das revistas iniciaram-se investigações mais íntimas a respeito da vida do professor e este acaba sendo acusado de pedofilia, de ter molestado seus alunos, juntamente com seu filho. Essa acusação feita pela polícia foi reforçada por depoimento de alunos, que se diziam vítimas de estupro, e seus respectivos pais. Esses acontecimentos deixaram as pessoas indignadas e com sede de justiça. A partir de então a vida dos friedmans virou um verdadeiro caos. Arnold e seu filho foram julgados e os dois foram presos ao revelarem sua culpa em seus respectivos julgamentos. No entanto, há aqueles que acreditam que só se declararam culpados por terem sido coagidos a tal, tanto pela esposa de Arnold quanto pela sociedade (mídia).

Interessante mostra-se o direcionamento desse documentário tendo em vista a imparcialidade do diretor em relação à resolução do caso, fazendo com que o filme seja mais instigante à medida que o espectador não sabe ao certo em quem acreditar: na polícia ou nos próprios Friedmans. Até porque as provas incriminadoras obtidas no caso foram todas baseadas em depoimentos.

A narrativa apresenta-se fragmentada, mostrando tanto as repercussões públicas quanto relatos da vida íntima da família em questão. E esse rico material foi fornecido pelos próprios Friedmans, que filmaram todo ou, pelo menos, grande parte do caso tendo em vista que o irmão mais velho, David, tinha o hábito de filmar o cotidiano da família, inclusive os desentendimentos. Fato que facilitou bastante a execução do filme.

Um ponto fundamental desse documentário que vale a pena ser analisado e serve de reflexão para todos nós é o fato de que há, hoje em dia, uma visão crítica muito restrita em relação ao que a mídia impõe na sociedade. Importante analisar até onde será que essa influência pode afetar as decisões das massas e até que ponto aceitamos o que ela diz ser a “verdade” dos fatos.

Um comentário:

  1. Boa indicação, principalmente em uma época em que programas policiais tem grande destaque na TV aberta.

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