Quando
se perde alguém que se ama, mesmo que já – aparentemente – no fim de um
relacionamento, o que é que sobra? O que é que falta? Perguntas como essas surgem,
principalmente, a partir dos primeiros trinta minutos de filme – parte que se
intitula “A partida” -, no momento em que a namorada de Ismael (Louis Garrel),
Julie (Ludivine Sagnier), sofre uma parada cardíaca repentina e morre.
Les chansons d’amour (2007),
de Christophe Honoré, é um musical francês que trata muito mais de amor e dos
caminhos que a vida pode seguir após uma morte, do que um drama que teria como
motor esta tragédia. Em seus pouco mais de noventa minutos, divide-se em três
partes, cada uma com canções voltadas para suas temáticas: I – A Partida, II –
A Ausência, III – O Regresso. Não é um musical espalhafatoso, pelo contrário:
suas canções são carregadas de sinceridade e naturalidade, tanto que não fosse
por certo ritmo dado, tudo poderia ser facilmente confundido com um diálogo
entre os personagens.
Ismael
e Julie passam por certo sufocamento (de modo aparente) a partir do momento que
trazem uma terceira pessoa para a relação, Alice (Clotilde Hesme). De ambas
partes, sente-se um desconforto e insegurança, apesar da concordância na
decisão de ser um ménage a tròis.
Muitas coisas são ditas, jogadas – quando talvez nem se quisesse -, e outras
tantas passam caladas, sem esclarecimentos. O ponto importante aqui é mostrar a
importância de viver, sentir; amor não foi feito pra ser questionado ou
entendido. É um filme de relacionamentos entre as pessoas: verdadeiro.
A
câmera, sempre atrás ou simplesmente acompanhando o andar dos personagens,
corre e balança em tons cinzas e azulados por Paris. Numa de suas andanças e
pensamentos sobre Julie, Ismael conhece Erwann (Grégoire Leprince-Ringuet), que
encherá ainda mais sua cabeça de dúvidas. Mas, ao mesmo tempo, Erwann consegue
mostrar para Ismael uma nova forma de viver, de sentir e demonstrar o amor.
Para quem não conseguia
sequer dizer ‘eu te amo’ para quem ele posteriormente descobre ter sido o
grande amor da sua vida, Ismael, na última canção do filme, aceita a palavra e
os gestos do amor – devido aos caminhos que percorreu até e com Erwann. Suas
últimas palavras são, além de extremamente tocantes, resumos de seus medos e
desejos: “Ama-me menos, mas ama-me por muito tempo”.
texto curto e objetivo. excelente crítica!
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