quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

"Moonrise Kingdom", por Walyson Florêncio de Morais


Narrando os acontecimentos envolvendo os habitantes de uma ilha fictícia chamada New Penzance, filme de 2012 dirigido por Wes Anderson se torna uma obra sobre puberdade e liberdade. Moonrise Kingdom acompanha a história de Suzy Bishop, uma garota de temperamento instável, e Sam Shakusky, escoteiro adotado e rejeitado pelos companheiros de acampamento. Na trama, os dois decidem abandonar suas rotinas para viverem juntos.

Com protagonistas claramente desajustados, Moorise Kingdom os coloca como os únicos personagens a perceber os fatos ainda que não os ajude a enfrentá-los, optando por encaminhá-los para uma fuga onde ambos possam ser felizes. Como no caso de Suzy que, ao contrário dos seus irmãos, consegue ver que a mãe tem um caso extraconjugal com o policial da ilha. Nesse caso, há uma inversão de papéis. Pois as crianças do filme estão sempre a expor a verdade e a demonstrar maturidade, enquanto os adultos se escondem em mentiras e tomam atitudes infantis.

 Essa ideia fica evidente em uma das cenas quando o policial admite que Shakusky é mais inteligente. A fuga das duas crianças é rodeada pelos fatores que indicam puberdade. Um romance se desenvolve entre os dois, culminando na cena do primeiro beijo e partindo para a ereção do garoto e o toque nos seios ainda não desenvolvidos da garota.

A trama se desenvolve a partir da busca pelos dois jovens amantes em contraponto com a possibilidade de enviar Shakusky para um “orfanato”. O garoto precisa ser encontrado, mas se for, corre o risco de sofrer tratamento de choque. Essa é uma das várias situações que beiram o ridículo e o impossível. Essa jornada, por fim, se faz essencialmente necessária para Suzy e Sam. É uma forma de transição, como a própria puberdade. Só que contém significados diferentes para cada um. Para Suzy a jornada a transforma no que mais condenava: uma versão jovem de sua mãe. No caso de Sam, não significa só o encontro de um lar ao lado do policial, mas também o mergulho numa vida de mentiras em que ele mantém um relacionamento secreto com Suzy. Nada mais natural num filme de Wes Anderson, onde crianças e adultos têm papéis invertidos, que as personagens percam a maturidade ao deixarem a infância de lado.

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