sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

"Holy Motors (Leos Carax – 2012)", por Leslie Clifford Noronha Araújo



Holy Motors é o  filme mais recente do diretor Leos Carax (2012). O filme conta a história do ator vivido por Denis Lavant (Sr. Oscar) que é transportado durante todo o dia para diversos compromissos por uma limousine branca. Enquanto vai de um compromisso a outro, o ator vai se produzindo para sua próxima performance dentro do carro.
         O Sr. Oscar passa por diversas situações durante o dia, vivendo entre a realidade e a ficção, assumindo as mais diversas identidades, tais como um mendigo, um pai jovem, um ladrão, sempre com pequenas estórias sem conexão entre elas.
         Uma das características mais intrigantes do filme é a simples falta de explicação para os acontecimentos e a mistura de elementos que propositalmente confundem a realidade com a ficção, tais como na cena de suicídio na parte final da película e o último compromisso do Sr. Oscar que fica em uma casa tomando conta de um macaco.
         Leos Carax faz uma critica a banalização do cinema em algumas cenas importantes, como, por exemplo, a morte de um dos personagens em plena rua em Paris, que logo após se levanta e retorna para a limosine. Ou aquela em que Lavant contracena com Eva Mendes, onde Sr. Oscar aparece com uma ereção. Diga-se de passagem desnecessariamente, pois na bela cena a presença de tal evento fisiológico causa apenas impacto e choque moral sem qualquer outro objetivo específico.
         O final do filme explica o que realmente significa holy motors, que na verdade são as limousines dos diversos artistas ligados a atuação cinematográfica. Como se em suas diversas situações pouco importasse a qualidade intrínseca do ator, se ele anda de limousine, então ele é bom, claramente criticando os critérios de qualidade impostos pela indústria cinematográfica.

         O filme possui uma boa direção com boa escolhas de planos e enquadramento, montagem bem adequada para as situações criadas pelo diretor,  porém sem conexão entre as episódios, portanto, não havendo uma  complementação clara pela montagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário