É interessante observar como cada um dos personagens reage de forma diferente a este mundo fantástico do crime. Jeffrey está eufórico, determinado em salvar a donzela em perigo. Sandy está relutante e acaba sendo a arma da narrativa que antecipa acontecimentos posteriores da trama, provocando medo no espectador em relação ao destino do personagem. Embora Sandy esteja com medo e ansiosa, ela também acaba se infiltrando neste mundo, mais por amor por Jeffrey, do que curiosidade ou sentimentos benevolentes. Dorothy, tão acostumada com a dor, é incapaz de concluir o ato sexual sem pedir um pouco de violência. A figura de Frank é a do mal que todos os outros personagens de alguma forma bebem. É um vilão riquíssimo em traços e particularidades instigantes. Com sua máscara de ar e sua psicopatia, ele realmente passa a ideia de um perigo constante ao longo da projeção, fazendo-nos temer pela vida do herói Jeffrey, principalmente na crise, o ponto mais perigoso para o personagem.
O duelo entre bem e mal na história é explicitado por um contraste claro entre o bem e o mal. No entanto, mesmo com roupas de cores tão distintas: Sandy, rosa; Frank, preto, em Blue Velvet a visão irônica de David Lynch sobre aqueles personagens é de um claro deboche, que se tornam mais fortes no prólogo do filme. Estas indagações sobre a visão do Lynch sobre a história que conta surgem quando pensamos no epílogo e no prólogo do filme, pois são imagens que satirizam de alguma forma os bonzinhos da história.
Mesmo trazendo uma narrativa intensa, um dos pecados do filme é a resolução rápida da história que, ao menos para mim, foi um pouco anti-climática, embora rica simbolicamente. Ao propor discussões a respeito da visão sobre a violência e como as vemos, é um filme que produz sensações fortes mesmo com uma trama demasiadamente onírica, e, por isto, é melhor do que uma grande parte das obras existentes por aí.
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