Cosmópolis,
filme dirigido pelo cineasta canadense David Cronenberg e adaptado de um
romance homônimo de Don Delillo, conta a história de um jovem bilionário
chamado Eric Packer. Querendo fazer um corte de cabelo ele atravessa a cidade
inteira para ter seu desejo atendido. Enquanto viaja por Manhattan faz uma
aposta errada e acaba perdendo todo o seu dinheiro. Vendo sua ruína financeira
ele acaba fazendo uma jornada de transformação pessoal, mas não necessariamente
uma transformação clássica de jornada do herói, onde existe um crescimento no
final. A jornada de Eric é muito mais única que isso.
Sem sombra de dúvida Cosmópolis não é um filme fácil. Somos
inseridos no mundo de Packer, mas sem nenhuma explicação prévia do que
acontece. O filme é contado por cenas aleatórias e que não têm necessariamente uma
ligação entre si, o que muitas vezes incomoda; mas quanto mais da realidade de
vida do protagonistas nós vemos, mais clara fica a ligação de uma cena até a
outra.
Com interpretações
muito competentes, onde a frieza e artificialidade estão muito presentes,
causando uma sensação de estranhamento e incômodo constante. Também fica
difícil sentir empatia pelos personagens, que muitas vezes parecem ter perdido
sua humanidade. Com uma encenação marcada pelos diferentes modos de filmar a
limusine do personagem principal, é notável o fato desse espaço circunscrito
nunca cansar os olhos do espectador.
O longa trabalha com
temas bem interessantes como a morte, o futuro da sociedade, o poder do
dinheiro, o uso desenfreado da tecnologia, a insatisfação em meio ao excesso,
entre outros assuntos bastante pertinentes à estrutura da nossa atual
sociedade. Tudo isso é exposto de maneira nada óbvia na tela. Cronenberg quer mostrar
o que ele próprio deseja, incitar quem assiste ao filme a pensar em questões
muito mais comuns do que acreditamos através do estranhamento que as imagens na
tela causam, que suas escolhas na hora da encenação permitem.
Definitivamente é um
filme que não agrada a maioria, mas que não foi feito para agradar.
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