sábado, 9 de agosto de 2014

"Estranhos no Paraíso", por Alan Douglas


Estranhos no Paraíso é um dos primeiros filmes do diretor estadunidense Jim Jarmusch. O filme, que iria inicialmente ser um curta-metragem, tornou-se um longa graças às sobras de negativos que o diretor Wim Wenders não usou em  O Estado das Coisas. O filme mostra a vida monótona de Willie, que vive em um apartamento na cidade de Nova York e vive de apostas de corridas e trambiques com a ajuda de seu amigo Eddie. Certo dia, Willie recebe a visita da sua prima Eva que veio da Hungria e lá fica por alguns dias. Inicialmente os dois primos se estranham e Eva vai para a casa da tia em Cleveland. Entediados, Willie e Eddie decidem ir até Eva para busca-la e irem juntos à Flórida.

O filme que Jarmusch cria é o que podemos chamar de “não convencional” (principalmente no aspecto técnico). A câmera se mantém estática durante o filme, onde ocorrem longos planos e tudo parece acontecer de forma muito natural. É quase um documentário sobre a vida tediosa de 3 sujeitos. É tudo muito simples, tanto na questão de cenários, os diálogos, trilha sonora, como na interpretação dos atores. Mas isso não significa que o filme seja descuidado ou preguiçoso. Aquele filme que no começo parece ser algo chato de ser acompanhado, cansativo, vai ganhado espaço e se tornando algo bastante curioso e interessante.

 No longa nos é mostrado que o “não fazer nada” para alguns pode ser algo maravilhoso, para outros pode ser um grande tédio. Os personagens no filme são mostrados de forma desleixada. A imagem em preto e branco, o vazio das paisagens, dá um certo ar marginalizado ao filme. Tudo o que os personagens querem é sair daquele lugar, querem desfrutar de novos horizontes. Mas talvez só o fato de ir á outro lugar não seja suficiente para acabar com o tédio existente. É uma mudança muito mais comportamental. O personagem Eddie deixa isso bem claro quando diz: “ Você vai para um lugar novo e tudo parece igual” 
A Flórida ensolarada, tão desejada por Willie, de nada adiantará por si só.

O diretor ganhou vários prêmios com esse filme que é considerado um marco do cinema independente dos Estados Unidos, incluindo a Câmera de Ouro em Cannes. Ele sabe mostrar muito bem o comportamento humano. É tudo muito seco, muito cru, muito Jarmusch.

Ficha técnica:
Direção e Roteiro: Jim Jarmusch
Elenco: John Lurie, Eszter Balint e Richard Edson
Produção: EUA e Alemanha

Ano: 1984 -  P&B  – 89 min. 

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