A Índia está entre os 18 países de maior diversidade
do mundo, em muitas das suas regiões encontra-se uma grande variedade de
espécies endêmicas. Sendo espécies endêmicas aquelas que são únicas de uma
região e possuem características diferentes das de outras espécies encontradas
no mundo. Muitos casos de endemismos são resultantes do isolamento geográfico,
isolamento este que faz com que indivíduos da mesma espécie sejam separados e se
tornem estranhos dentre da sua própria espécie. Mesma sensação de isolamento
que pode ser observada no capitão John, um militar norte americano que perdeu a
perna na guerra e se sente um estranho entre o seu próprio povo.
O
capitão John é um personagem do filme O
Rio Sagrado, Jean Renoir. Pode-se dizer que Renoir também partilha do
sentimento do capitão, após o fim da II Guerra este vai aos Estados Unidos e
tem que submeter sua individualidade cinematográfica ao sistema de produção dos
estúdios. Essa sensação de estranhamento faz com que Renoir retome e ao mesmo
tempo renove sua forma de mostrar o mundo através da arte.
O Rio
Sagrado não é apenas um filme sobre a cultura hindu, mas sim um filme sobre como
os outros- ingleses e americanos- vêem essa cultura, entretanto sobre uma óptica
distante, sem querer conhecer muito ou participar. É Harriet, a primogênita de
uma família de ingleses que mais tem uma visão idealizada da cultura hindu, mas
ainda é observado certo distanciamento. Isso é notado nas cenas que retratam a
festividade do Diwali, na qual indianos perpetuam seus rituais do lado de fora
enquanto ingleses permanecem dentro das paredes e ensaiam um baile.
Um
maior contato com o mundo indiano é tido por Bogey, o único filho homem, que,
na sua curiosidade pela biodiversidade indiana, transpõe os limites da casa e
despreza os costumes da família. Numa família onde as lições e costumes são
importante, Bogey alega que não gosta de ortografia, mas sim de tartarugas. É
Bogey o único personagem de toda a trama que tem certeza que seu mundo é
aquele, mas é também o único que tem que abandonar o lugar justamente por se
sentir tão pertencente a ele.
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