Um Caminho para Dois é uma comédia romântica que mostra em um momento mais crítico
da crise em seu casamento que leva Joanna (Audrey Hepburn) e Mark (Albert Finney) a recordar os momentos simples e
felizes que tiveram ao longo dos 12 anos que estão juntos e nos levam junto com
eles.
Joanna é uma mulher bonita,
elegante e bem
humorada que faz parte de um coral de mulheres e é sempre apresentada bem
vestida e com diferentes cortes de cabelo ao longo do tempo. Mark é um
arquiteto desajeitado que sempre esquece o passaporte e também muito bem
humorado, fazendo piadas sarcásticas e brincadeiras o tempo todo, formando uma
relação um tanto “princesa e plebeu”.
Os dois se completam. Se
completam nos diálogos, nas brincadeiras, no cinismo, nas piadas, criando uma
intimidade real, mergulhando o espectador nessa intimidade. Eles amadurecem e
mudam juntos, indo de uma relação simples e fugaz á um casamento frio e em
crise.
Com uma narrativa não-linear, o relacionamento dos protagonistas é apresentado em flashbacks num ordem
não-cronológica, alguns ligados por um diálogo ou um por uma montagem que faz
com que eles se encontrem em situações opostas de épocas diferentes. O estilo
da narrativa proporciona ao espectador acompanhar as mudanças no estilo de vida
do casal e tentar, junto com eles, encontrar o que aconteceu para se tornarem
tão frios um com o outro, já que nem eles sabem ao certo.
A não-cronologicidade é ressaltada nos
figurinos e automóveis que são apresentados de acordo com a época e situação
financeira dos personagens mas também é um tanto confusa com os diálogos
repetidos em momentos diferentes, comparando situações, indo á frente e depois
regredindo, o que também prende a atenção á trama.
Os diálogos são construídos
de forma á mostrar a intimidade entre os personagens, não só os protagonistas,
mas todos os personagens e a comédia tem um toque de cinismo e sarcasmo, sendo
uma comédia que não é feita para se entender sem pensar e apenas rir, é uma
comédia inteligente, que se associa com a relação dos personagens.
Apesar do relacionamento de
Joanna e Mark é bastante humana e real, com sorrisos, lágrimas, medos, separações,
traições e não com o clássico “eu te amo/nada vai nos separar/vida perfeita”
dos filmes, a típica relação “bem sucedidos no amor, mal sucedidos
financeiramente” e vice-versa é bastante forte no filme.
Depois de atravessar os
12 anos da relação de Jo e Mark e se encantar com os detalhes de montagem,
diálogo, a construção dos personagens e da própria relação, chegamos á
conclusão de que o casal não pode de separar. Simplesmente não pode. E não se
separam. Ao fim é apresentado um flashback cronológico, utilizando os
automóveis usados ao longo do filme como objeto de ligação entre as épocas, de
uma forma rápida e divertida e logo após, na última cena, é mostrado que mesmo
depois de toda a frieza e distanciamento, ainda existe um pedaço dos jovens e
do amor de 12 anos atrás.
Nenhum comentário:
Postar um comentário