sábado, 15 de novembro de 2014

"Um caminho para dois", por Vanessa Beltrão



Um Caminho para Dois é uma comédia romântica que mostra em um momento mais crítico da crise em seu casamento que leva Joanna (Audrey Hepburn) e Mark (Albert Finney) a recordar os momentos simples e felizes que tiveram ao longo dos 12 anos que estão juntos e nos levam junto com eles.
Joanna é uma mulher bonita, elegante e bem humorada que faz parte de um coral de mulheres e é sempre apresentada bem vestida e com diferentes cortes de cabelo ao longo do tempo. Mark é um arquiteto desajeitado que sempre esquece o passaporte e também muito bem humorado, fazendo piadas sarcásticas e brincadeiras o tempo todo, formando uma relação um tanto “princesa e plebeu”.
Os dois se completam. Se completam nos diálogos, nas brincadeiras, no cinismo, nas piadas, criando uma intimidade real, mergulhando o espectador nessa intimidade. Eles amadurecem e mudam juntos, indo de uma relação simples e fugaz á um casamento frio e em crise.
Com uma narrativa não-linear, o relacionamento dos protagonistas é apresentado em flashbacks num ordem não-cronológica, alguns ligados por um diálogo ou um por uma montagem que faz com que eles se encontrem em situações opostas de épocas diferentes. O estilo da narrativa proporciona ao espectador acompanhar as mudanças no estilo de vida do casal e tentar, junto com eles, encontrar o que aconteceu para se tornarem tão frios um com o outro, já que nem eles sabem ao certo.
 A não-cronologicidade é ressaltada nos figurinos e automóveis que são apresentados de acordo com a época e situação financeira dos personagens mas também é um tanto confusa com os diálogos repetidos em momentos diferentes, comparando situações, indo á frente e depois regredindo, o que também prende a atenção á trama.
Os diálogos são construídos de forma á mostrar a intimidade entre os personagens, não só os protagonistas, mas todos os personagens e a comédia tem um toque de cinismo e sarcasmo, sendo uma comédia que não é feita para se entender sem pensar e apenas rir, é uma comédia inteligente, que se associa com a relação dos personagens.
Apesar do relacionamento de Joanna e Mark é bastante humana e real, com sorrisos, lágrimas, medos, separações, traições e não com o clássico “eu te amo/nada vai nos separar/vida perfeita” dos filmes, a típica relação “bem sucedidos no amor, mal sucedidos financeiramente” e vice-versa é bastante forte no filme.
­­­Depois de atravessar os 12 anos da relação de Jo e Mark e se encantar com os detalhes de montagem, diálogo, a construção dos personagens e da própria relação, chegamos á conclusão de que o casal não pode de separar. Simplesmente não pode. E não se separam. Ao fim é apresentado um flashback cronológico, utilizando os automóveis usados ao longo do filme como objeto de ligação entre as épocas, de uma forma rápida e divertida e logo após, na última cena, é mostrado que mesmo depois de toda a frieza e distanciamento, ainda existe um pedaço dos jovens e do amor de 12 anos atrás.








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