Sábado frequentemente
é o ponto alto da semana do trabalhador típico – um dia livre quando ele pode
descansar, tomar uma cerveja gelada com os seus amigos, e falar livremente em
qualquer assunto que quiser. Esse princípio aparece enfaticamente no filme britânico “Tudo começou num sábado”, que mostra a vida do trabalhador Arthur
Seaton. Ele
trabalha numa fábrica muito sombria na cidade de Nottingham, onde ele
é visto geralmente como um agitador, rebelde e “troublemaker”.
Alguns dizem que o
filme tem um estilo quase de um documentário, pois ele realmente mostra algumas
das frustrações sociais e da desesperança que muitos membros da classe
trabalhadora britânica se sentiam durante o período do pós-guerra (os anos
1950s e 1960s). Além
disso, o diretor Karel Reisz previamente trabalhava com documentários. Às vezes, o filme possui narrações breves e
monólogos interiores de Arthur, e também cenas onde ele aparece no rio com o seu amigo,
pescando (há duas cenas como assim – uma no meio do filme, bem como quase no
final). Todos estes são meios de exposição para o espectador. Arthur fala dos seus pensamentos e esquemas
com o amigo.
Algumas palavras podem ser usadas para descrever os arredores da casa e da fábrica de Arthur: “monótono”, “estagnado”, “tedioso” e “sem esperança”. Apesar disso, Arthur constantemente procura
para maneiras de quebrar o tédio da sua vida. Por exemplo, quando deliberadamente derrama uma bebida sobre o casal “esnobe” no bar, ou quando coloca o rato morto na mesa
da trabalhadora na fábrica, ou atira na sua vizinha chata com uma arma pequena. Arthur está namorando com duas
mulheres, uma das quais é casada com um colega de trabalho. Porém, este último relacionamento tem
repercussões para Arthur, pois a mulher casada, Brenda, fica grávida. Os dois vão para uma feira local, e a noite
turbulenta termina com Arthur sendo espancando por homens contratados pelo marido de Brenda (o amigo de Arthur já previu que isso iria acontecer na
primeira cena de pesca no rio).
Afinal, ele decide
parar de ver Brenda, que resulta num encontro constrangedor com o marido dela
na fábrica. O espectador não sabe qual será o desfecho da gravidez. Porém, Arthur continua o relacionamento com
Doreen, a outra mulher, e o filme termina com uma cena do casal andando para a distância,
de mãos dadas.
Contudo, estamos reassegurados que Arthur continuará causar desordem: “Whatever people say I am, that’s what I’m not” (Tudo o que as pessoas dizem que eu sou, isso
é o que eu não sou).
Arthur simplesmente não vai se contentar com a vida monótona de seus pais, que
se sentam na casa em frente da televisão. Por isso, a audiência, e Arthur, têm um vislumbre
de esperança para o futuro.
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