sábado, 15 de novembro de 2014

Tudo começou num sábado/ Saturday Night and Sunday Morning (1960, Inglaterra, dirigido por Karel Reisz), por Carla Bellot


Sábado frequentemente é o ponto alto da semana do trabalhador típico – um dia livre quando ele pode descansar, tomar uma cerveja gelada com os seus amigos, e falar livremente em qualquer assunto que quiser. Esse princípio aparece enfaticamente no filme britânico Tudo começou num sábado, que mostra a vida do trabalhador Arthur Seaton. Ele trabalha numa fábrica muito sombria na cidade de Nottingham, onde ele é visto geralmente como um agitador, rebelde e troublemaker.

Alguns dizem que o filme tem um estilo quase de um documentário, pois ele realmente mostra algumas das frustrações sociais e da desesperança que muitos membros da classe trabalhadora britânica se sentiam durante o período do pós-guerra (os anos 1950s e 1960s). Além disso, o diretor Karel Reisz previamente trabalhava com documentários. Às vezes, o filme possui narrações breves e monólogos interiores de Arthur, e também cenas onde ele aparece no rio com o seu amigo, pescando (há duas cenas como assim – uma no meio do filme, bem como quase no final). Todos estes são meios de exposição para o espectador. Arthur fala dos seus pensamentos e esquemas com o amigo.

Algumas palavras  podem ser usadas para descrever os arredores da casa e da fábrica de Arthur:  monótono, estagnado, tedioso e sem esperança”. Apesar disso, Arthur constantemente procura para maneiras de quebrar o tédio da sua vida.  Por exemplo, quando deliberadamente derrama uma bebida sobre o casal esnobe no bar, ou quando coloca o rato morto na mesa da trabalhadora na fábrica, ou atira na sua vizinha chata com uma arma pequena. Arthur está namorando com duas mulheres, uma das quais é casada com um colega de trabalho. Porém, este último relacionamento tem repercussões para Arthur, pois a mulher casada, Brenda, fica grávida. Os dois vão para uma feira local, e a noite turbulenta termina com Arthur sendo espancando por homens contratados pelo marido de Brenda (o amigo de Arthur já previu que isso iria acontecer na primeira cena de pesca no rio).
Afinal, ele decide parar de ver Brenda, que resulta num encontro constrangedor com o marido dela na fábrica. O espectador não sabe qual será o desfecho da gravidez. Porém, Arthur continua o relacionamento com Doreen, a outra mulher, e o filme termina com uma cena do casal andando para a distância, de mãos dadas. Contudo, estamos reassegurados que Arthur continuará causar desordem:  Whatever people say I am, that’s what I’m not (Tudo o que as pessoas dizem que eu sou, isso é o que eu não sou). Arthur simplesmente não vai se contentar com a vida monótona de seus pais, que se sentam na casa em frente da televisão. Por isso, a audiência, e Arthur, têm um vislumbre de esperança para o futuro.



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