Neste
filme de François Truffaut, somos apresentados aos personagens Jules (um alemão
tímido) e Jim (um francês extrovertido), ambos ficam amigos passando a
compartilhar muitos gostos e ideias em comuns. Jules e Jim levam uma vida
boêmia em Paris, que se intensifica com a chegada de Catherine. Neste momento,
o filme privilegia o emocional dos personagens, que se ligam profundamente. Com
a entrada dessa personagem surgem no filme situações originais e diálogos
interessantes, além de um embate na solidez da amizade da dupla, que fica atraído
por ela. Catherine é uma figura feminina incomum, já que busca desafiar
as normas sociais da época, desejando liberdades masculinas sempre tão
tradicionalmente negada as mulheres. Com isso, a personagem de Jeanne Moreau
pode ser vista como atemporal, uma vez, que simboliza a libertação do feminino
no cinema. Evidentemente, isso é notado em cenas como a que ela se veste de homem
e pinta um bigode a fim de sair pelas ruas de Paris fumando uns cigarros. Logo,
suas atitudes no decorrer do filme realçam sua emancipação dos preceitos que
aprisionaram seu gênero no cinema.
Adiante, notamos que os personagens se
encontram distantes do cenário político da época, vivendo praticamente uma
fantasia, que se resume apenas aos três. Há então uma quebra no paralelismo do
filme que oscila para a realidade, na qual o mundo despreocupado dos
personagens é assolado pelas consequências da Primeira Guerra Mundial. Mas
maduros, eles se reencontram. Casada com Jules, Catherine reforça mais uma vez
seu espírito livre ao revelar para Jim, suas precedentes traições ao marido e
seu novo afeto por ele, que se entrega a essa paixão, aprovada por Jules. Assim,
notamos o resgate dos personagens em rejeitar a moralidade convencional praticada
na primeira parte do filme, na tentativa de viver outra lógica emocional de
relacionamento que satisfaçam os desejos.
Dessa forma, notamos a intenção do enredo em
abordar o tema do triangulo amoroso, na intenção de se refletir a cerca do amor
livre, uma vez que o fracasso da concretização de um ideal de vida que explora
outra lógica de amor inescrutável, mas convincente, pode ao menos lançar ao
espectador um novo olhar a cerca dos limites da liberdade.
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