sábado, 29 de maio de 2010

"Cineastas europeus na Swinging London" por Thiago Rocha Ferreira




Acho curioso que justamente quando o cinema inglês começa a tomar força, embebido dos ares de renovação cinematográfica trazido pela nouvelle vague, com vários novos cineastas trazendo algo de novo, de diferente ao cinema britânico, que outros cineastas, já consagrados no mundo filmam na Inglaterra. François Truffaut, Michelangelo Antonioni, Jean-Luc Godard, Roman Polanski são alguns dos exemplos.

Além disso, a Inglaterra já tinha sido acusada, pelo próprio Truffaut inclusive, de não ser um pais onde a cinematografia fosse forte ou até relevante, pois as maiores figuras inglesas do cinema Charles Chaplin e Alfred Hitchcock migraram para os Estados Unidos. Mas é preciso lembrar que havia um esvaziamento de Hollywood por causa dos altos custos de produção e aí eles procuraram filmar em países europeus. A Itália também foi um desses países. os americanos Joseph Losey e Stanley Kubrick filmarão em Londres nessa mesma época. Quer dizer, havia um favorecimento à produção cinematográfica, com bons recursos e o barateamento dos custos.

Também é preciso ressaltar o contexto que esses cineastas foram filmar em Londres. Era a época de um fervor cultural chamada de Swinging London. Era a hora de mostrar ao mundo o quanto a Inglaterra tinha superado a segunda guerra, o quanto que ela havia se atualizado. Era preciso voltar a ser o centro do mundo. Esse momento foi muito ligado à moda, à música pop, à contracultura. Visto assim, seria contraditório apostar no novo cinema inglês da época que se interessava mais em retratar a classe operária, quer dizer, tinham uma atenção aos problemas sociais nas abordagens deles. Provavelmente, isso não interessaria aos produtores que desejassem passar a idéia de um Londres moderna, descolada, arrojada, onde imperava o otimismo. Além de que, aqueles cineastas do continente agregariam valor ao produto.

É nesse ambiente que Antonioni filmará Blow Up, para ficar só em um exemplo. Tratava-se de um cineasta de fama incontestável, que acabara de filmar uma trilogia muito elogiada e respeitada. Tudo está lá: roupas, moda, bandas, cultura do egocentrismo, atores celebridade, uma trama enigmática, nova, diferente, em suma: moderna. A imagem de uma Inglaterra dinâmica, atual, referencial persiste até hoje.

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