terça-feira, 27 de abril de 2010

“Fazendo História” (“The History Boys”) por Mayra Meira


"The History Boys" é baseado na premiada peça teatral de Alan Bennet estreada em 2004. Lançado em 2006 primeiro nos Estados Unidos e meses depois no Reino Unido, com direção de Nicholas Hytner (As Bruxas de Salém, As Loucuras do Rei George), o filme recebeu elogios da crítica. A trilha sonora ficou por conta de George Fenton que tem em seu currículo colaborações com Stephen Frears, Ken Loach, Neil Jordan, entre outros. A trilha inclui hits como “This Charming Man” de The Smiths e “Blue Monday” de New Order que embalam o filme numa atmosfera oitentista. A direção de fotografia é de Andrew Dunn, especialista em recintos fechados e iluminação diáfana, o que levou Nicholas Hytner a contratá-lo porque a maioria das cenas se passa em ambientes internos: as salas de aula da escola. O roteiro, como era de se esperar, foi adaptado para o cinema pelo próprio Alan Bennet.

O filme se passa no norte da Inglaterra, mais exatamente em Sheffield, na instituição ficcional Cutlers' Grammar School. "THe History boys" foi filmado nos estúdios da BBC. Esses dois pontos caracterizam uma herança da parceria do cinema britânico com a televisão pública (BBC), onde o local e o regional recebem destaque em vez de Londres ser o centro. O universo social dos personagens é definido com objetividade como demonstra a cena em que Felix (Clive Merrison), diretor da escola, chama a atenção do estudante Lockwood (Andrew Knott) pelo fato de ele estar com uniforme de entregador de leite, emprego que conseguira nas férias.

A intertextualidade fílmica é identificada numa encenação que os estudantes fazem durante a aula de Irwin (Stephen Campbell Moore) do diálogo entre o casal Fred e Laura na última cena do clássico “Desencanto” de David Lean.

"The History Boys" ou "Fazendo História", como foi traduzido para o português, tem como foco narrativo um grupo de garotos ingleses de classe média que estudam para ingressar nas Universidades de Oxford e Cambridge. Porém, a metodologia de ensino do professor Hector (Richard Griffiths) não é direcionada para os exames Oxbridge, tende mais para o lado artístico das disciplinas. Logo, o professor Irwin (Stephen Campbell Moore) é chamado pelo diretor da escola para preparar os alunos para ingressas nessas Universidades. Hector, homem casado com tendências homossexuais, assedia os alunos e Irwin, mais recatado, é homossexual, contudo não desrespeita seus pupilos. Já a professora Lintott (Frances de la Tour) ensina história com um feminismo exacerbado. Os estudantes estão passando para fase adulta e discutem temas como sexualidade, religião e dilemas existenciais. É um típico filme de escola inglês em que o amor à profissão fica evidente entre os três mestres, principalmente no eloquente Hector.

Referências bibliográficas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/George_Fenton
http://en.wikipedia.org/wiki/The_History_Boys_(film)
http://en.wikipedia.org/wiki/The_History_Boys
http://www.imdb.com/title/tt0464049/
http://www.letraselivros.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=880&Itemid=42
O cinema britânico: realismo, classe e televisão pública (1984-2007). In: Cinema mundial contemporâneo. Papirus Editora. p.71-89.

Nenhum comentário:

Postar um comentário