quarta-feira, 23 de junho de 2010

"Pão e rosas" (Bread and Roses, 2000), de Ken Loach, por Débora Freitas Baía


“We don’t want just bread, we want bread and roses”, é dessa frase que vem o título do filme. Sam é um sindicalista branco e genuinamente Americano, que atua é função das causas dos funcionários zeladores de uma terceirizada chamada Angel. Maya é uma mexicana recém-chegada e ilegal, com o comportamento ousado, ajuda Sam nessa empreitada de infiltração no meio dos funcionários com o objetivo de ajudar a própria irmã, Rosa, funcionaria da mesma empresa, e que está com o marido doente (a principal causa de reivindicação do grupo é plano de saúde). Rosa, irmã mais velha de Maya, ex-prostituta, mas ainda usando o corpo para favorecimento próprio, é o pivô da demissão dos que participaram do movimento sindical.

O filme começa com a travessia de Maya, a sua chega e a falta de dinheiro da irmã para completar o preço cobrado pelos atravessadores. Ela então é levada pelos homens, mas consegue se livrar dos mesmos com sua esperteza. Chegando à casa de sua irmã, questiona sobre o não-pagamento, e a mesma responde que precisava pagar o tratamento de seu marido diabético. Mais tarde, Rosa fala sobre seus esforços para sustentar a família no México, e como teve que se prostituir para que todos pudessem comer, e nunca questionaram como conseguia o dinheiro. Essa é uma das cenas mais fortes do filme, pois faz parecerem frívolas as reivindicações sindicais da irmã em comparação à vida anterior da irmã. É o dualismo entre as questões pragmáticas e os artificios verbais e teóricos de luta.

Esse mosaico de funcionários demonstra o multiculturalismo que habita a miséria, e não apenas para imigrantes latinos, como os russos e mesmo as “minorias” negras, todos articulados pelo branco instruído, mas alienado da realidade daqueles. Maya assume postura destemida mesmo com sua situação ilegal, e se enamora por Sam. Luta até o fim de forma idealística, e acaba conseguindo suceder. O lado panfletário do diretor está nos vídeos que ele mostra das greves de funcionários; não se sabe se reais ou não, mas são bastante realistas.

A Los Angeles de Ken Loach é uma cidade universal, passiva diante de seus personagens, completamente fria. Os prédios espelhados ofuscam os olhos de Maya, arranha-céus opressores, mostram sua pequenez. Sabe-se de que cidade o autor fala pela localização inicial, mas não há traços cotidianos, apenas o excesso de estrangeiros imigrantes, que vão dar cor ao local. Ele quer localizar o conflito de identidades, a síntese positiva que pode haver desse conflito, e sua pluralidade. E apesar de outras minorias, é a música mexicana que faz os indivíduos dançarem.

Maya é deportada; após ser presa pela policia por causa do protesto, suas digitais denunciam o assalto que cometeu anteriormente. É assim que termina seu american dream, com o agente da emigração dizendo algo como “Os Estados Unidos estão sendo benevolentes com você, poderíamos prendê-la, mas preferimos deportá-la. Se voltar, você vai passar 3 anos presa”. O estado não se importa com a individualidade, mesmo que o roubo de Maya estivesse assentado em motivos altruístas, e mesmo que os mexicanos, os imigrantes de maneira geral, componham parte importante de economia desse país.

2 comentários:

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  2. O FILME REALMENTE RETRATA QUE MESMO A PESSOA SENDO MARGINALIZADA, INFERIORIZADA, E MOSTRANDO EM PAUTAS TUDO ISSO, AINDA NÃO É UMA PROVA QUE ESTAMOS SENDO MALTRATADOS E NEM DIMINUIDOS, A MASSA ELA SEMPRE É OPRIMIDA, POR UMA MINORIA TÃO PEQUENA, POREM TÃO ABSOLUTA, PORQUE A MESMA TEM O PODER DE MANDAR E DESMANDAR, POIS O PODER E O DINHEIRO , É UMA ARMA MUITO PERIGOSA PARA AS PESSOAS CARENTES E HUMILDES. ENTÃO, NO MEU PONTO DE VISTA, SÓ GANHAMOS DO PODER QUANDO A MASSA SE REUNE EM PROL DE ALGO DE BOM PARA AS NOSSAS VIDAS. SENDO ASSIM TEREMOS RESULTADOS POSITIVOS PARA ESSE POVO QUE FAZ MOVER O MUNDO, O RICO TEM PODER E DINHEIRO, MAS SEM NÓS (CLASSE TRABALHADORA), ESTE MUNDO NÃO SE MOVIA......

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