quinta-feira, 24 de junho de 2010

"A dança dos vampiros", por Lucas Freire


É difícil acreditar que "A Dança dos Vampiros" tenha como diretor Roman Polanski. O principal motivo para se pensar isto: a temática sobrenatural em tom de comédia. O filme trata de basicamente, uma dupla de pesquisadores que vão para terras longínquas da Transilvânia à procura de evidências que comprovem a existência de vampiros. Mas logo vemos a marca autoral a partir da abordagem totalmente irônica sobre o tema. O filme é carregado de ironias, de humor negro e de críticas à sociedade, como em, muitos outros de seus filmes, como "O Inquilino" ou "Cul de sac".

Com o nome original de "The Fearless Vampire Killers or: Pardon Me, Madam, but Your Teeth Are in My Neck", o filme narra a chegada de uma dupla de pesquisadores, formada pelo o Professor Abronsius e por Alfred, num vilarejo da Transilvânia, onde eles têm indícios e estudos que comprovam a existência de uma forte manifestação de humanos sugadores de sangue, os ditos vampiros.

O Professor Abronsius, um ancião atrapalhado, tem como objetivo descobrir a todo custo se realmente os vampiros existem. Em vários momentos do filme, o Professor arrisca a sua vida e a de seu assistente (Alfred) para tentar achar alguma pista da existência desses seres noturnos. Já o jovem e medroso Alfred, é estritamente fiel ao seu mentor, porém a falta de coragem lhe é grande, e infelizmente, ela é testada diversas vezes na trama. Estes testes à coragem do assistente Alfred nos garantem boas risadas, tornando o filme mais leve da temática, a princípio, obscura.

Logo com a chegada da dupla no vilarejo, eles são recebidos por uma família, dona de uma espécie de pensão, e ficam hospedados nela. A família é composta pelo patriarca Shagal, um velho carrancudo e sem vergonha, que trai a mulher descaradamente. Rebecca, a volumosa esposa de Shagal, cujo seus gritos excessivos e estridentes nos irritam logo no início do filme. E terminando de formar a família, temos a Sarah, linda, jovem, ruiva e sedutora (interpretada de mulher de Polanski, Sharon Tate, que seria brutalmente assassinada por Charles Mason apenas dois anos após esse filme), que basicamente, assume esses papéis no filme. Na pensão, ainda se encontra uma serviçal da família, Magda, que é constantemente alvo dos olhares “maldosos” do patriarca da casa. Ela, curiosamente, também tem os mesmos atributos que Sarah, com uma leve exceção, possui as madeixas loiras.

No primeiro encontro entre Alfred e Sarah, se percebe que os dois sentem atração um pelo outro e que isso será um bom motivo para ele tomar certas atitudes no decorrer do filme. Shagal tem um grande receio de que algo aconteça com sua querida filha, pois bem sabe ele que Sarah possui dotes desejáveis por qualquer vampiro. Sim, toda a família sabe da existência de seres noturnos por aquela redondeza e mesmo tendo em sua casa alhos e crucifixos espalhados por toda parte, fazem questão de negar este fato para a dupla de pesquisadores.

Pois bem, o esperado acontece: Conde Krolock, o típico vampiro da década de 40, captura Sarah, deixando toda a família desesperada. O Professor Abronsius, sedento por indícios que provem a existência de tais criaturas, e Alfred, motivado claramente no resgate da donzela em perigo, partem rumo ao castelo onde reside o Conde. Na chegada da dupla, eles são recebidos por Koukol (pasmem!) um ajudante corcunda, com dentes aparentemente tortos e que se comunica por grunhidos! Na apresentação dos dois viajantes ao Conde Krolock, ele se surpreende com o fato do Professor Abronsius ser o autor de um dos seus livros preferidos, e com isso, além de pedir um autógrafo, os instala em seus cômodos com a boa hospitalidade pouco conhecida entre esses seres, principalmente quando suas vítimas são homens. Na ocasião, eles também conhecem o filho do Conde Krolock, Hebert, e seguindo a linha dos vampiros contemporâneos do séc. XXI demonstra “certos” interesses no jovem Alfred.

No decorrer do tempo em que eles residem no castelo, o Professor Abronsius vai obtendo indícios e mais indícios que aqueles seres que vivem ali não são nada normais e várias tentativas de extermínio dessas criaturas pela dupla são frustradas, ora pela extrema falta de coragem de Alfred, ora pelas trapalhadas do Professor Abronsius. Quando tudo está mais que claro, no caso, eles descobrem que Sarah se encontra no castelo e que o pai e seu filho são de fato vampiros, Conde Krolock dá seu golpe triunfante: prende a dupla numa sacada do castelo e vos conta todo seu plano maligno, que consiste basicamente em transformar todos na Terra em vampiros, e eles pretendem iniciar isso com a dupla de pesquisadores e a donzela indefesa. Como todo e qualquer vilão meia-boca, antes de prendê-los na tal sacada, ele revela que acontecerá um baile naquela noite no castelo, no qual todos os seres macabros estarão presentes e que a convidada de honra será Sarah, a jovem, indefesa, sedutora e ruiva que a dupla tanto procura.

Mais uma vez, como o esperado, o Professor Abronsius e Alfred conseguem fugir da sacada, e se vestem com roupas de gala para se passarem por despercebidos na festa. Na cena ápice do filme, onde toda a corja de monstros está coreografando uma dança ridiculamente medieval, a dupla tenta se comunicar com Sarah, entre um passo e outro, que também está participando da coreografia. Mas para a infelicidade dos dois, eles terminam a dança e se deparam com um espelho gigantesco diante deles fazendo-os refletirem para todo o salão, e denunciando assim, que existem dois humanos infiltrados no baile. A partir de agora se inicia a perseguição: Abronsius e Alfred correm desesperadamente levando-os consigo Sarah, enquanto toda corja de vampiros presentes ali os perseguem furiosamente. No fim da perseguição, os três conseguem escapar do castelo num pequeno trenó puxado por um cavalo. Abronsius guia o veículo enquanto Alfred respira aliviado. Aliviado? Nem tanto. Neste instante, Sarah surpreendemente se revela uma vampira e ergue seus dentes pontiagudos diante do pescoço de Alfred, e, segundo as próprias palavras do narrador em off: “Na naquela noite na Transilvânia, o professor Abronsius não imaginava que estivesse levando com ele o mesmo demônio que ele desejara destruir. Graças a ele, este demônio poderia finalmente se espalhar por todo o mundo.”

Um texto a respeito deste filme não poderia ter sido escrito de outra forma. Ironia e humor negro são os dois pontos-chaves, tanto deste texto, quanto do enredo. Roman Polanski usa e abusa de clichês dos filmes de terror, já existentes em 1967, e com esses clichês do gênero, consegue chegar ao ponto exato de equilíbrio, entre o ridículo e o irônico. Com o humor negro posto em prática, e, diga-se de passagem, com sucesso, não são apenas risadas que se consegue extrair desse belo experimento no gênero feito pelo diretor. O filme nos demonstra que às vezes, a ambição e a cobiça humana (inclusive por conhecimento, sabedoria, etc), ao invés de trazer os benefícios esperados, acabam por trazer males e provocam o efeito inverso. No caso, o Professor sonhava em pesquisar e descobrir a existência das criaturas vampirescas, e no fim, acaba sendo o responsável pela sua provável proliferação ao redor do mundo. Se você acha isso insuficiente para um filme de Polanski, as boas risadas podem preencher esse vazio.

3 comentários:

  1. Um texto que aproveitou mal o filme que comenta! Só contou a história e deu alguns dados da ficha técnica. Tem que falar mais do filme em si, não da história. Falar do como Polanski é um mestre, mesmo num gênero que não é seu usual, por exemplo, falar da beleza das cenas, da beleza de Tate.

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  2. Um filme muito bom REcomendo.

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  3. Adoro esse tema! Eu sempre fui fascinado pela mitologia sobre os vampiros ❤️ Há alguns dias eu vi um filme sobre isso chamado Anjos da Noite Legendado Se você é um fã de vampiros, este filme será um dos seus favoritos e você vai querer vê-lo novamente! Poucos seres fantásticos são tão interessantes quanto os vampiros, estes são seres sedutores e misteriosos.

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