quarta-feira, 23 de junho de 2010
"Passage to India" (David Lean), por Bruno Alves Ferreira
"Que cafonice! Tá precisando de um personal stylist!"
As confusões muito loucas entre duas galerinhas do bem que não conseguem se entender. Logo após Passione...
Em Passage to India David Lean e E.M. Foster analisam o efeito do imperialismo nas relações entre dois povos de cultura distinta. A conclusão é óbvia. Os colonizados não gostam dos colonizadores e seu cheirinho de hipogloss pra conter tanta ardência e os colonizadores se acham melhores que a paisanada e seus ritos e rituais ritualísticos (radical: rit).
A chegada de Sra. Moore e Srta. Quested, duas cabritas inglesas com maneiras impecáveis e chapeizinhos que são uns mimos de meiguice, serve de estopim para enfatizar o preconceito inerente em uma relação sadomasoquista em que nenhum dos dois gosta de apanhar.
Chegando à Índia (mas não de passagem...) Sra. Moore desafia os preconceitos de sua sociedade reacionária e come algumas bananas com um vigor especialmente direitista, não exatamente nesta ordem, e acaba fazendo amizade com um dos nativos, um médico chamado Dr. Aziz. Ela é compreensiva, ele é ingênuo, ela é experiente, ele quer impressioná-la, ela é viúva, ele também. O que poderia se tornar um belo romance com ares progressistas (ou como os jovens de hoje em dia gostam de dizer: prafrentex) com uma prática graciosa do Kama Sutra aos sons de sutras e macaquinhos pinguços e levados acaba se tornando uma verdadeira tragédia quando a companheira de viagem da Sra. Moore, uma tal de Srta. Quested uma reprimidinha sexualmente que apesar de todos no filme a chamarem de feinha (bando de falaciosos, nem precisaria de caninha... belos olhos... Mas Allida Vali, cocotinha, não se chateie você vence de lavada em todo o resto) até que dá prum caldo, confunde(?) os comichões que sentia ao observar o virginal Aziz com uma tentativa de estupro muito misteriosa. E aí amiguinhos, como acabará esta aventura?
Esta crítica (eita!) não terá spoilers desta vez. Arranjem o filme, posicionem-o no dvd com o carinho e delicadeza de um auto-exame de próstata e se maravilhem com as belas imagens capturadas por Lean (felizmente ele não era gordo, senão seria de uma ironia britânica) que ilustram esta historinha qualquer nota de E. M. Foster.
Sou da opinião de que um estrangeiro não deve escrever sobre um país em que não viveu. Calma amigos, só porque tenho pendor para a alta literatura, tomo chá (de uma ervinha mimosa da família paunokultis) às cinco e tenho um ego mais inflado que o mojo de Austin Powers... não quer dizer que eu seja o quê mesmo? Perdi meu raciocínio... E achei-lo, logo aqui, atrás do meu O Ser e o Nada de Sartre que uso como descansa... er... livro de cabeceira. Sigam meu raciocínio e minha labuta para encher este provolonaço.
Por mais isento de preconceitos que ele seja é inevitável que não consiga transmitir a personalidade de um verdadeiro habitante ou a sensação do que é ser naquele ambiente. Há detalhes que enriquecem a caracterização de um personagem que somente são adquiridos com uma forte experiência nativa. Não basta um sulista enfiar (mas com carinho) um oxente na boca de veludo de algum travesti que habita as noites de boa viagem que ele será realmente um personagem nordestino. E não basta colocar (de dentes trincados) um tchê na boca de um cabra omi que ele será gaúcho. A não ser que seja fantasia que é um gênero que se permite dar vida a todos os tipos de mitos. Enfim, falta tridimensionalidade aos personagens porque o autor não consegue separar a construção de um ser humano conterrâneo de um ser estrangeiro e o que acontece? Vamos a este caso!
Se o estrangeiro é bem escrito ele é um inglês nas peles de um indiano, senão ele é apenas um símbolo. Como (lá ele) Aziz: é médico, só que mais inocente que o Cebolinha. Ele simboliza o bom selvagem, pacato, que só tem a oferecer louco para impressionar seus senhores. É o famoso protagonista guarani (Zé diAlencar que se exploda...), idealização de um nativo na visão elevada do seu abolicionista que se deleita no colchão imperial. O velho é símbolo da religiosidade e da sapiência misteriosa dos indianos, fulaninho é símbolo dos revoltosos. Os personagens mais tridimensionais acabam sendo mesmo o trio inglês que... Ops, acabou o espaço!
Durmam com a dúvida se esta desculpa é verdadeira ou se a preguiça que bateu me impedindo de concluir um pensamento que talvez não chegasse a lugar nenhum. Ou não! Durmam com essa bronca!
Ps: Pegue leve prófi!
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