quarta-feira, 23 de junho de 2010

"Orgulho e preconceito", por Camilla Vanessa


Tive a oportunidade de ler o livro, logicamente não é igual ao filme, mas o roteiro, atuações, figurino, enfim, o filme em geral, traduzem o olhar crítico de Jane Austen sobre os costumes da época. Muito disso devido à fantástica atuação de Keira Knightley, embora o diretor não a quisesse no elenco inicialmente, ela consegue expressar crítica e o verdadeiro espírito de Elizabeth Bennet uma mulher a frente do seu tempo, inteligente o que muitas vezes a faz ser mal vista. O elenco em geral foi muito bem escolhido, os personagens são muito bem traduzidos para o audiovisual. Vale ressaltar a ótima direção de arte do filme, as locações são belíssimas, o cuidado com detalhes, para que nada fuja á época em que o filme se passa. E o figurino condiz com a situação econômica dos personagens, o que pode ser perfeitamente visto na cena em que estão Sr. Darcy, Srta. Bingley, Sr. Bingley, e Elizabeth na sala e chegam as outras senhoras Bennet, com exceção de Jane que está em outro cômodo. A colocação do vestuário é essencial, roupas velhas e rotas das Bennet, mas que provavelmente são as melhores que tem, ao contrario de sua mãe e suas irmãs, Elizabeth esta vestida do seu modo natural, deixando bem claro a sua diferença em relação à família. A posição dos personagens também é essencial, Elizabeth sozinha em um sofá, afastada do resto da família e o Sr. Darcy e o Sr. e a Srta. Bingley no fundo da sala, desconfortáveis com a chegada das visitantes, o diálogo que se segue, apesar de parecer banal define os personagens perfeitamente bem.Outro destaque para o figurino é a evolução das roupas do senhor Darcy, conforme ele se aproxima, emocionalmente de Elizabeth, suas roupas ficam menos apertadas e de cores mais claras.

Muitas críticas afirmam que o filme tira a ironia e a criticidade do livro, sobressaindo a historia de amor, se tornando mais um “filme de mulherzinha”, mas é perfeitamente visível a inadequação de Elizabeth para com a sua família, seu olhar de desprezo a certos costumes da alta classe, principalmente na falta de cortesia mútua entre ela e a Srta. Bingley e entre ela e a lady Catherine.

A direção de fotografia é excelente, a paleta de cores do filme é tranqüilizante, lhe transporta para aquele ambiente campestre da antiga e conservadora Inglaterra, com muitos planos gerais a natureza local é valorizada, os planos detalhes na mão do Sr Darcy, mostram suas mudanças ao longo da trama sem precisar de palavras. A luz do filme é bem natural, na maioria das vezes amarelada lembrando a luz do sol e muitas janelas justificando sua presença, enfim não cabe na maior parte do filme pergunta “de onde vem essa luz?”. A única iluminação um pouco irreal é no momento em que Lizzie está atravessando, junto a seus tios e uma criada um salão de ates na mansão do senhor Darcy, a iluminação é, para mim, branca demais para a época, apesar de as obras de arte serem brancas e as paredes também. Mas esta parte em especial, o direto justifica dizendo que queria criar um ambiente mágico, quase um sonho, e não é só a luz que é clara, as roupas dos personagens da cena também seguem a tonalidade.Outro excelente trabalho com a luz é no tratamento da Lady Catherine, toda cena em que ela aparece é escura, como se ela carregasse uma aura de maldade.
A cena da declaração/confissão chuva e a cena em que o Sr Darcy vem andando pelo campo ao encontro da amada são as mais emblemáticas do filme e não estão no livro, crédito para a roteirista iniciante Deborah Moggach.A opinião geral do público feminino só encontra um defeito no filme: Cadê o beijo?!!!!

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