segunda-feira, 22 de junho de 2009

"Control" por Eutalita Bezerra da Silva


Pouca conversa, muita música. Assim é Control, um filme que mostra a vida de Ian Curtis, vocalista do Joy Division, banda formada em Manchester, no final dos anos 70.
Contrariando a rotineira vida dos astros do rock, Curtis não era adepto das grandes orgias. Muito cedo casou-se com aquela que seria sua única esposa, Debbie, cujo livro foi o inspirador da produção. Enquanto a banda alçava maiores vôos, Debbie sempre esteve disponível a ajudá-lo, porém, é quando conhece a jornalista Annik que o cantor mostra o furor de sua paixão.

Mesmo tendo uma amante, Ian não queria se divorciar de sua mulher. Em certo momento, quando Debbie diz querer o divórcio, ele a questiona sobre o que o relacionamento entre ele e Annik interfere na vida do casal, deixando clara sua impossibilidade em manter apenas uma das mulheres.

Pautado muito mais nos relacionamentos do cantor que, propriamente, em sua música, Control destoa das cinebiografias comumente conhecidas, como bem prenunciou seu diretor, Anton Corbijn, conhecido no cenário do rock, por produzir videoclipes de bandas do gênero.

O que se percebe é que Corbijn buscou fazer um filme que retomasse algo forte da vida pessoal de Ian, demonstrando que este não era apenas o astro do Joy Division, mas um homem atormentado pela epilepsia, pelos relacionamentos complexos e, antes de tudo, por uma certeza capaz de fazê-lo desistir da vida, ainda aos 23 anos. Porém, a narrativa leva a crer que a morte do líder da banda de punk foi muito mais uma fuga dos problemas enfrentados pela relação com a amante e a esposa, reduzindo o ícone da música a uma dimensão menor que a real.

Filmado em preto e branco, Control carrega o conhecido estilo fotográfico de seu diretor e em nada peca ao mostrar, nesses tons, a Manchester dos anos 70. A narrativa cinzenta é bem recebida – ainda -, na junção com as músicas depressivas e angustiantes cantadas pelos garotos do Joy Division.

Ao delimitar que assuntos da vida de Ian Curtis dariam à narrativa um caráter menos musical-biográfico, o diretor parece ter colocado em segundo plano os anseios dos fãs da banda em assistir a uma Joy Division que foi divisor d’águas na história do rock. Ainda assim, uma bela obra complementada por uma performance estonteante do recém chegado Sam Riley.

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