Como o próprio título sugere, o filme Memórias do subdesenvolvimento (1968), dirigido por Tomás Gutiérrez Alea, faz uma contraposição daquilo que é considerado “desenvolvido” - no caso, o sonho americano – e o subdesenvolvimento da Cuba dos anos 60.
O quase quarentão Sérgio se vê sozinho em Havana após a ida de seus familiares para a “civilização” norte-americana. O filme é construído, sobretudo, nas memórias de Sérgio, que ora se sente carente dos produtos de que o comunismo o privou, como o creme dental Colgate e a loção pós-barba Imperialista, ora se sente menos vulgar em não compartilhar do sonho consumista norte-americano.
Sérgio é um típico intelectual burguês, que vive de aluguéis de apartamentos em Havana. Um belo dia, a Revolução toma um de seus bens. Ele nada pode fazer, mas também não se revolta. Sérgio é o retrato do comodismo, da falta de esperança.
Outro fator importante é o envolvimento de Sérgio com uma típica “subdesenvolvida” cubana. Uma garota jovem, fútil, que nada tem a oferecer ao cinqüentão, com exceção do sexo. E essa justamente a armadilha em que ele cai. Quando Sérgio “enjoa da boneca”, a garota vai correr “atrás dos seus direitos” na Justiça. E aí fica clara a noção da mentalidade subdesenvolvida que havia em Cuba naquele momento. Enquanto os norte-americanos enfrentavam a revolução sexual, os cubanos ainda prezavam pelo casamento puritano, em que a virgindade da moça deveria ser preservada até o altar – nem que fosse via tribunal.
Em Memórias do subdesenvolvimento, Alea entrelaça imagens ficcionais com documentais, dando um ar mais realista à película. O drama psicológico enfrentado por Sérgio somado aos dados que o diretor fornece durante as cenas reais transportam o telespectador para um ambiente desesperançoso.
Para isso, Alea faz uso de uma clara influência da nouvelle vague, se valendo de “uma câmera na mão” que traz total liberdade de cena. Em alguns momentos, o diretor chega a traçar planos-seqüência que culminam em planos subjetivos, com total maestria.
É interessante observar que em Memórias do subdesenvolvimento, o cineasta retrata um espírito de descrença total em relação à Revolução Cubana, que chega, até certo ponto, em se configurar em depressão. Sérgio, o único personagem “consciente” do filme, não consegue se mover para apoiar ou rejeitar a Revolução. Ele aparece como um completo peixe fora d’água, contrastando com os perfis fúteis e politicamente analfabetos dos demais personagens da trama.
Tal pensamento, em certo momento, parecia ser o do próprio Alea. Uma descrença total e completa de um intelectual, que já havia morado em outros países, no tal prometido sucesso da Revolução. No entanto, parece que o pensamento de Alea se modificou ao longo dos anos. O seu último filme, Guantanamera (1995), ele retrata o mesmo subdesenvolvimento cubano, mas de uma forma mais leve, engraçada, que chega a beirar o ridículo mas, o mais importante, com um profundo sentimento de esperança que inexistia no cineasta nos anos 60.
O quase quarentão Sérgio se vê sozinho em Havana após a ida de seus familiares para a “civilização” norte-americana. O filme é construído, sobretudo, nas memórias de Sérgio, que ora se sente carente dos produtos de que o comunismo o privou, como o creme dental Colgate e a loção pós-barba Imperialista, ora se sente menos vulgar em não compartilhar do sonho consumista norte-americano.
Sérgio é um típico intelectual burguês, que vive de aluguéis de apartamentos em Havana. Um belo dia, a Revolução toma um de seus bens. Ele nada pode fazer, mas também não se revolta. Sérgio é o retrato do comodismo, da falta de esperança.
Outro fator importante é o envolvimento de Sérgio com uma típica “subdesenvolvida” cubana. Uma garota jovem, fútil, que nada tem a oferecer ao cinqüentão, com exceção do sexo. E essa justamente a armadilha em que ele cai. Quando Sérgio “enjoa da boneca”, a garota vai correr “atrás dos seus direitos” na Justiça. E aí fica clara a noção da mentalidade subdesenvolvida que havia em Cuba naquele momento. Enquanto os norte-americanos enfrentavam a revolução sexual, os cubanos ainda prezavam pelo casamento puritano, em que a virgindade da moça deveria ser preservada até o altar – nem que fosse via tribunal.
Em Memórias do subdesenvolvimento, Alea entrelaça imagens ficcionais com documentais, dando um ar mais realista à película. O drama psicológico enfrentado por Sérgio somado aos dados que o diretor fornece durante as cenas reais transportam o telespectador para um ambiente desesperançoso.
Para isso, Alea faz uso de uma clara influência da nouvelle vague, se valendo de “uma câmera na mão” que traz total liberdade de cena. Em alguns momentos, o diretor chega a traçar planos-seqüência que culminam em planos subjetivos, com total maestria.
É interessante observar que em Memórias do subdesenvolvimento, o cineasta retrata um espírito de descrença total em relação à Revolução Cubana, que chega, até certo ponto, em se configurar em depressão. Sérgio, o único personagem “consciente” do filme, não consegue se mover para apoiar ou rejeitar a Revolução. Ele aparece como um completo peixe fora d’água, contrastando com os perfis fúteis e politicamente analfabetos dos demais personagens da trama.
Tal pensamento, em certo momento, parecia ser o do próprio Alea. Uma descrença total e completa de um intelectual, que já havia morado em outros países, no tal prometido sucesso da Revolução. No entanto, parece que o pensamento de Alea se modificou ao longo dos anos. O seu último filme, Guantanamera (1995), ele retrata o mesmo subdesenvolvimento cubano, mas de uma forma mais leve, engraçada, que chega a beirar o ridículo mas, o mais importante, com um profundo sentimento de esperança que inexistia no cineasta nos anos 60.
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