Dirigir um filme é como contar uma história. Imagens, sons, cores, diálogos... tudo contribui para que o receptor entenda e se solidarize com o diretor, caso contrário, o filme é ruim mesmo. Interessante foi o jeito que Hitchcock achou de contar a história de Os Pássaros (The Birds, 1963).
O filme parece um relato de um sonho, daqueles que acordamos assustados no meio da madrugada arfando. Poderia começar com a versão de Melaine Daniels (interpretada por Tippi Hendren): ... e lá na loja de animais chegava um cara alto, lindo, e puxava conversa comigo. Eu bem que tentei impressionar, mas eu tinha aquela sensação de que ele já me conhecia e fazia perguntas que me deixavam tão desconcertada! O certo é que eu viajava até Bodega Bay para encontrá-lo!
O galã sedutor, meio misterioso e a loirona parecem um casal perfeito de cinema, mas nos sonhos nem sempre é assim. Se mudássemos para a visão de Mitch Brenner (interpretado por Rod Taylor), ele contaria: ... e ela vinha de barco até minha casa, mas, na volta, uma gaivota bicava sua cabeça e depois o terror só aumentava. Era como se todos os pássaros de Bodega Bay estivessem enlouquecidos atacando as pessoas, as crianças no meio da rua... Eu não sabia exatamente se ela tinha atraído a maldição dos pássaros ou que outra coisa poderia ter causado aquilo.
Pronto! A sensação de pânico persegue os personagens e contamina os espectadores. O medo sem fundamento racional acaba se tornando mais importante que os próprios ataques. Exatamente como nos sonhos angustiantes em que não se consegue correr ou gritar, também no filme não há a quem pedir socorro, não se pode evitar ou conter os ataques das aves.
Aliado à sensação de medo constante e impotência ante os fatos há ainda outro fator curioso que colabora para a tensão do filme: a falta de trilha sonora. É exatamente como num sonho, o espectador é tomado de dúvida e angústia diante de um problema que não pode resolver, que não consegue entender.
E para confirmar o paralelo, o sonho é interrompido. Sem outra saída, Melaine e Mitch fogem sem rumo certo para longe dos pássaros. O filme acaba sem explicações, mas deixa a sensação de que aquilo tudo era tão real que põe em dúvida o comportamento dos pássaros que vemos todos os dias vagando inocente ou cinicamente ao nosso redor.
Algumas pessoas acreditam que sonhar com pássaros significa ter alegrias na família, reunião e confraternização de parentes, mas sonhar especificamente com corvos pode significar perigo iminente. Hitchcock talvez não conhecesse essas idéias ao encher o filme de corvos para dar o tom sombrio que substitui seus assassinatos emblemáticos. Ou os corvos ganharam este tipo de interpretação depois de serem representados pelo cineasta como os animais que inspiraram o medo permanente e indefinido, talvez.
O filme parece um relato de um sonho, daqueles que acordamos assustados no meio da madrugada arfando. Poderia começar com a versão de Melaine Daniels (interpretada por Tippi Hendren): ... e lá na loja de animais chegava um cara alto, lindo, e puxava conversa comigo. Eu bem que tentei impressionar, mas eu tinha aquela sensação de que ele já me conhecia e fazia perguntas que me deixavam tão desconcertada! O certo é que eu viajava até Bodega Bay para encontrá-lo!
O galã sedutor, meio misterioso e a loirona parecem um casal perfeito de cinema, mas nos sonhos nem sempre é assim. Se mudássemos para a visão de Mitch Brenner (interpretado por Rod Taylor), ele contaria: ... e ela vinha de barco até minha casa, mas, na volta, uma gaivota bicava sua cabeça e depois o terror só aumentava. Era como se todos os pássaros de Bodega Bay estivessem enlouquecidos atacando as pessoas, as crianças no meio da rua... Eu não sabia exatamente se ela tinha atraído a maldição dos pássaros ou que outra coisa poderia ter causado aquilo.
Pronto! A sensação de pânico persegue os personagens e contamina os espectadores. O medo sem fundamento racional acaba se tornando mais importante que os próprios ataques. Exatamente como nos sonhos angustiantes em que não se consegue correr ou gritar, também no filme não há a quem pedir socorro, não se pode evitar ou conter os ataques das aves.
Aliado à sensação de medo constante e impotência ante os fatos há ainda outro fator curioso que colabora para a tensão do filme: a falta de trilha sonora. É exatamente como num sonho, o espectador é tomado de dúvida e angústia diante de um problema que não pode resolver, que não consegue entender.
E para confirmar o paralelo, o sonho é interrompido. Sem outra saída, Melaine e Mitch fogem sem rumo certo para longe dos pássaros. O filme acaba sem explicações, mas deixa a sensação de que aquilo tudo era tão real que põe em dúvida o comportamento dos pássaros que vemos todos os dias vagando inocente ou cinicamente ao nosso redor.
Algumas pessoas acreditam que sonhar com pássaros significa ter alegrias na família, reunião e confraternização de parentes, mas sonhar especificamente com corvos pode significar perigo iminente. Hitchcock talvez não conhecesse essas idéias ao encher o filme de corvos para dar o tom sombrio que substitui seus assassinatos emblemáticos. Ou os corvos ganharam este tipo de interpretação depois de serem representados pelo cineasta como os animais que inspiraram o medo permanente e indefinido, talvez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário